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Jardim do Campo Grande
A primavera, uma das quatro estações do ano, que decorre entre o inverno e o verão, tem o seu início, no hemisfério norte, a 21 de março e termina a 21 de junho, sendo que no hemisfério sul se desenrola entre 21 de Setembro e 21 de dezembro.
Esta estação, por regra, caracterizada por temperaturas amenas e suaves, está particularmente associada ao renascimento da Natureza. Os espaços verdes das cidades assumem-se, cada vez mais, como áreas de grande significado para a qualidade de vida dos seus habitantes.
Entre os inúmeros jardins públicos emblemáticos da cidade de Lisboa, o jardim do Campo Grande assume-se com um dos mais notáveis.
Este espaço já existia no século XVI, período em que era conhecido como Campo de Alvalade. As origens da sua plantação, para a qual foram escolhidas amoreiras-de-papel, figueiras e plátanos, remontam a 1801, segundo o projeto de D. Rodrigo de Sousa Coutinho, conde de Linhares, de acordo com o estilo de Passeio Romântico.
Em 1816 foi utilizado para a realização das primeiras corridas de cavalos, sendo que na atualidade efetuam-se concursos hípicos nas proximidades, por trás do Museu de Lisboa. Por sua vez, em 1869, no reinado de D. Luís, inicia-se a construção do lago principal, nascendo a tradição, que ainda hoje perdura, dos passeios românticos de barcos a remos.
No início dos anos 40 do século XX, o Campo 28 de Maio, designação atribuída pelo Estado Novo, situado entre a futura Cidade Universitária e o novo bairro de Alvalade, encontrava-se bastante degradado. O ciclone de fevereiro de 1941, danificando e destruindo inúmeras árvores, agravou uma situação que há muito reclamava solução, nomeadamente a necessidade de remodelar e ampliar este espaço. Para o efeito foi escolhido o arquiteto Francisco Keil do Amaral, autor da imagem selecionada nesta rubrica, que em 1945 elabora um projeto de acordo com as caraterísticas solicitadas, de ampliação do jardim e introdução de equipamentos desportivos, como o ringue de patinagem e dois campos de ténis, vincando a sua natureza lúdica e recreativa.
Em 1964 é edificada a piscina do Campo Grande, também projetada pelo supradito arquiteto, e em 1971 o icónico Caleidoscópio, da responsabilidade de Nuno San Payo, à época um posto de receção turística, possuindo salas de refeições, palco para espetáculos, bar e áreas de serviços, onde se destaca o painel de cerâmica multicor de Maria Emília Silva Araújo. Três anos mais tarde, este edifício é transformado em centro comercial e cinema, memória que perdura no cidadão comum. Na atualidade, este espaço é ocupado por um McDonald’s (rés-do-chão), uma sala de estudo (piso superior) e um auditório (cave), ligado à reitoria da Universidade de Lisboa.
No final de 2013, o jardim, que no presente ocupa uma área de 13,38 hectares, é amplamente renovado, no âmbito de uma parceria entre a Câmara Municipal de Lisboa e a Universidade de Lisboa. Nesse sentido, privilegiou-se a recuperação da estrutura arbórea e a aposta nos prados e relvados, em detrimento das áreas de arbustos. Com o objetivo de aumentar a segurança, a iluminação noturna foi aumentada. A reabilitação do espaço e respetivos equipamentos estendeu-se ao edifício de apoio à prática desportiva, nomeadamente dos três campos de padel já construídos. Também é merecedor de destaque a impermeabilização do lago, cuja água é utilizada para a rega das zonas verdes e para a receção dos barcos. Foi, ainda, criado o primeiro recinto de recreio canino da capital, junto à avenida do Brasil, vedado e com obstáculos para permitir o exercício aos animais. Finalmente, neste caso envolvendo a associação da Câmara Municipal de Lisboa à Sociedade Portuguesa de Matemática, foram criados vários elementos decorativos, como os quatro "bancos matemáticos” ("O Mancala”, "O Albuquerque”, " O Moinho” e "O Hex”), que se juntaram às estátuas de D. Afonso Henriques e de D. João I, no topo norte, à estátua "Infância”, da autoria de SAM (Samuel Torres de Carvalho), no lago do topo sul, e ao busto de homenagem ao célebre caricaturista, político e pintor Rafael Bordalo Pinheiro, no topo sul, cujo museu se encontra nas proximidades.
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Paulo Jorge dos Mártires Batista e Rosa Brito
Março 2018
Arquivo Municipal de Lisboa | Geral e Histórico
Referências bibliográficas
BARBOSA, Pedro Gomes; RÊGO, Manuela. Campo Grande Revisitado Lisboa: Junta de Freguesia do Campo Grande Sociedade e Sociedade Lisboa 94, 1994.
CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA. Jardim do Campo Grande [Em linha]. Lisboa. [Consult. 27 fev. 2018]. Disponível na Internet
SISTEMA DE INFORMAÇÃO PARA O PATRIMÓNIO ARQUITETÓNICO – FORTE DE SACAVÉM. Edifício Caleidoscópio [Em linha]. Lisboa. [Consult. 27 fev. 2018]. Disponível na Internet
RÊGO, Manuela. Um passeio à volta do Campo Grande Revisitado Lisboa: Contexto, 1996.
TOSTÕES, Ana. Monsanto. Parque Eduardo VII, Campo Grande: Keil do Amaral, Arquiteto dos Espaços Verdes de Lisboa Lisboa: Edições Salamandra, 1992.