A cidade como estúdio | 5º ciclo
O som da cidade no cinema / A cidade como estúdio
5.º ciclo de visionamentos comentado
Várias divergências atravessam a história do cinema e dividem cineastas, mas talvez uma das mais decisivas seja a que diz respeito à relação com a realidade. A esse nível poderíamos talvez distribuir os cineastas por dois lados (salvaguardando uma enorme mancha cinzenta, cheia de tonalidades, entre os dois): aqueles que criam o seu programa formal a partir da realidade e aqueles que encaixam a realidade no seu programa formal. Este programa formal, e a relação entre cineasta e realidade que depreende, têm um nó: o plano.
De várias maneiras a teoria do cinema definiu o plano cinematográfico. Uma delas define-o como um contentor, um recipiente, que o cineasta instala e prepara para receber aquilo que filma.
Este 5º ciclo de visionamentos comentados 'Topografias Imaginárias' começou por procurar explorar e analisar as operações que, num filme, são levadas a cabo para que o espaço real seja um espaço que cabe (nesse contentor ou recipiente). Mas essa investigação levantará inevitavelmente questões mais latas, relacionadas com a representação – que ações se operam num espaço (real) para o preparar para a representação (cinematográfica ou outra) – e relacionadas também com a cidade – quanto destas operações (de arrumação, limpeza, hierarquização) tem afinidades com as ações levadas a cabo no espaço urbano de Lisboa e que consequências têm estas nos modos da sua habitação.
Pensar ou olhar para a cidade como estúdio é ainda considerá-la como um espaço de trabalho que vai ser redimensionado, agenciado, para produzir um outro tipo de espaço que é o cinematográfico (sensorial / percetivo, imaginário e simbólico). A cidade é aí um instrumento e o suporte de uma outra cidade, a que se vê no ecrã e a que se recompõe no espaço mental do espectador graças ao filme.
A cidade como estúdio foi então o tema deste programa. Ele foi simultaneamente um posfácio (fechou o ciclo até aqui dedicado ao
encontro do cinema com a arquitetura) e um prefácio: antecedeu e preparou (antiteticamente) o ciclo que se iniciou na edição seguinte, com um programa que saiu para a rua ao encontro dos espaços reais, auscultados a partir da sua sonoridade.
O 5º ciclo de visionamentos comentados 'Topografias Imaginárias' decorreu entre 5 e 8 de dezembro de 2018 na Videoteca, distribuído por quatro sessões, tendo como tema “A cidade como estúdio”.
Nas várias sessões participaram, entre outros, Irene Flunser Pimentel (historiadora), Tiago Baptista (diretor do Arquivo Nacional das Imagens em Movimento), Joana Braga ou António Brito Guterres (investigadores muito ativos na reflexão sobre a cidade de Lisboa), João Sousa Cardoso (encenador e cineasta), Ricardo Gross (escritor, ator).
A iniciativa foi desenvolvida em parceria com o projeto 'Fragmentação e Reconfiguração: a experiência da cidade entre arte e filosofia' do Instituto de Filosofia da Universidade Nova de Lisboa - IFILNOVA/FCSH. (PTDC/FER-FIL/32042/2017)
5 DEZEMBRO
STORM OVER LISBON, George Sherman, 1944, 86’
Comentado por Eliana Sousa Santos, Luís Mendonça e Mariana Liz
6 DEZEMBRO
A CANÇÃO DE LISBOA, Cottinelli Telmo, 1933, 90’
LISBOA DE HOJE E AMANHÃ, António Lopes Ribeiro, 1948, 40’
Comentado por Tiago Baptista e António Brito Guterres
7 DEZEMBRO
BRANDOS COSTUMES, Alberto Seixas Santos, 1975, 75’
Comentado por Irene Flunser Pimentel e Joana Braga
8 DEZEMBRO
O BOBO, José Álvaro de Morais, 1987, 127’
Comentado por João Sousa Cardoso, Ricardo Gross e Susana Ventura
António Brito Guterres (investigador e dinamizador comunitário)
Eliana Sousa Santos (arquiteta e investigadora)
Irene Flunser Pimentel (historiadora)
Joana Braga (investigadora em estudos urbanos)
João Sousa Cardoso (encenador e cineasta)
Luís Mendonça (professor e programador)
Mariana Liz (investigadora)
Ricardo Gross (escritor, ator)
Susana Ventura (arquiteta e investigadora)
Tiago Baptista (historiador, diretor do ANIM)
Coordenação do projeto: Inês Sapeta Dias
Co-programação: Inês Sapeta Dias (Arquivo Municipal de Lisboa / Videoteca), Nuno Fonseca e Nélio Conceição (IFILNOVA)
Design: Joana Pinheiro
Imagem: Fátima Rocha
Comunicação: Pedro Cordeiro e Susana Santareno