topografias imaginárias - Arquivo Municipal

Arquitetura III

3.º ciclo de visionamentos comentados

No terceiro e último ciclo dedicado à Arquitetura viu-se a cidade dos programas anteriores a ser deixada para trás: já não se viu uma cidade na melancolia da transformação (como no primeiro ciclo), nem propriamente uma cidade imaginada a partir de um interior (como no segundo), viu-se uma cidade a extravasar os seus limites e à deriva. Avançou-se então para uma Lisboa reinventada a partir das suas margens.

"A cidade expandiu-se num sentido centrífugo e mergulhou vertiginosamente numa topografia que tende para o limite. Atirados para fora de um centro, encontramos novos lugares, pequenos pedaços fragmentados e repletos de um imaginário construído com enclaves e vazios onde as personagens se movem sem, contudo e paradoxalmente, se deslocarem. Habitam também elas uma fronteira, entre a explosão e a implosão, e tropeçam em barreiras que não se desfazem, e as impendem de avançar.

Na cidade imaginada neste ciclo, os espaços não são mais do que um mero vislumbre, surgem como uma grande máquina que se percorre sem permanecer e que se habita de forma fugaz, uma máquina de transitar. A cidade é agora um emaranhado de linhas descontínuas e desfocadas, mas energéticas, que ora unem ora separam as personagens dos lugares, a rua da casa, a noite do dia e a cidade de si mesma.

Lisboa é aqui um arquipélago imaginado."

O 3º ciclo de visionamentos comentados decorreu durante o mês de maio de 2017 na Videoteca, distribuído por cinco sessões, cada uma delas organizada para se assistir à transformação da cidade (e do filme) acionada exclusivamente pelo olhar. Ao contrário das duas edições anteriores, em cada uma das sessões, foram projetados e comentados pelos convidados, os excertos por eles escolhidos, e, só no final, se projetou o filme completo.

Rui Poças, Ana David, Susana Nascimento Duarte, Filipa Reis, João Miller Guerra, Manuel Mozos e Eduardo Brito, foram alguns dos convidados que comentaram os filmes desta edição: “O Fantasma”, “Os Mutantes”, “Xavier”, todos rodados em Lisboa.

Iniciativa desenvolvida em parceria com o Festival Internacional de Cinema Arquiteturas.

Programa

2 MAIO

CORTE DE CABELO, Joaquim Sapinho (1995), 94'
comentado por Joaquim Sapinho (cineasta), Francisco Ferreira (arquiteto) e Nélio Conceição (doutorado em Filosofia - Estética, investigador)

em simultâneo nos postos individuais de visionamento:
Bande à part, Jean-Luc Godard, 1964, 92’
Nuvem, Ana Luísa Guimarães, 1991, 90’
Nick's Movie [Um Acto de Amor] / Lightning Over Water, Wim Wenders, 1980, 85'

9 MAIO

MAL, Alberto Seixas Santos (1999), 82'
comentado por Jorge Silva Melo (cineasta, encenador), Francisco Frazão (programador de teatro, investigador) e Susana Ventura (arquiteta, investigadora)

em simultâneo nos postos individuais de visionamento:
Um adeus português, João Botelho, 1985, 85’
O Cerco, António da Cunha Telles, 1970, 120’
Mal, Alberto Seixas Santos, 1999, 82’

16 MAIO

O FANTASMA, João Pedro Rodrigues (2000), 90'
comentado por Rui Poças (diretor de fotografia), Patrícia Santos Pedrosa (arquiteta) e Ana David (programadora de cinema)

em simultâneo nos postos individuais de visionamento:
He Liu [O Rio], Tsai Ming-Liang, 1997, 115’
Doc’s Kingdom, Robert Kramer, 1987, 92’
Odete, João Pedro Rodrigues, 2005, 97

23 MAIO

OS MUTANTES, Teresa Villaverde (1998), 114'
comentado por Filipa Reis e João Miller Guerra (cineastas), Sofia Pinto Basto (arquiteta) e Susana Nascimento Duarte (doutorada em Comunicação - Cinema, professora na ESAD)

em simultâneo nos postos individuais de visionamento:
A Idade Maior, Teresa Villaverde, 1990, 115'
O Sangue, Pedro Costa, 1989, 95’
Li Ké Terra, Filipa Reis, João Miller Guerra, Nuno Baptista, 2010, 65'

30 MAIO

XAVIER, Manuel Mozos (1991-2002), 100'
comentado por Filipa Reis e João Miller Guerra (cineastas), José Maria Assis (arquiteto) e Susana Nascimento Duarte (doutorada em Comunicação - Cinema, professora na ESAD)

em simultâneo nos postos individuais de visionamento:
Lisboa no Cinema - um ponto de vista, Manuel Mozos, 1996, 107’
Tarde Demais, José Nascimento, 1999, 92’
Entrecampos, João Rosas, 2012, 12’