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Desde 1999, Pedro Medeiros tem vindo a desenvolver uma investigação artística profunda sobre os temas da justiça e do universo prisional. A exposição Estrela de Seis Pontas propõe um olhar singular sobre o Estabelecimento Prisional de Lisboa, cuja arquitetura radial — com seis alas que irradiam de uma torre central — serve de ponto de partida para uma reflexão que se estende ao plano simbólico e histórico.

Num tempo em que a imagem é omnipresente, o desconhecimento sobre os espaços de reclusão permanece. O autor evita o registo sistemático ou documental, preferindo uma abordagem sensível e poética que interroga a relação entre arquitetura, corpo e tempo. As fotografias aqui apresentadas, realizadas entre 2020 e 2025, revelam um espaço que é simultaneamente físico e imaginado, onde a impermanência e a memória se entrelaçam.

Mais do que representar, estas imagens convocam. Convocam dúvidas, política, pensamento e sonho. Mesmo num contexto de privação de liberdade, o espaço não anula o desejo de transcendência. É nesse intervalo — entre o rigor geométrico da prisão e a liberdade do olhar — que Pedro Medeiros constrói uma poética do espaço, revelando que a arte pode ser também um gesto de libertação.

Com curadoria de Filipe Ribeiro e Sofia Castro.

«O tema complexo do isolamento e do silêncio em espaços prisionais foi historicamente central na procura de um modelo de punição e controle através do qual o sistema judicial português, seguindo o exemplo de outros sistemas jurídicos ocidentais, acreditava ser possível induzir o individuo julgado e condenado a uma introspeção profunda e transformação moral, que possibilitassem uma mudança de comportamento, arrependimento e reabilitação.»  Filipe Ribeiro   
                                                                                                                                                                         
Está ainda prevista uma palestra com a investigadora Viviane Trindade Borges, coordenadora do Projeto Arquivos Marginais, em data a anunciar.