Castelo, um bairro resiliente
Castelo, um bairro resiliente
O International Council of Monuments and Sites – ICOMOS propõe, em 2025, no Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, destacar o Património resiliente face às catástrofes e conflitos.
Associamo-nos a esta comemoração apresentando uma exposição virtual com imagens alusivas a um edificado resiliente. As imagens que compõem esta galeria fazem parte do Fundo Antigo, um levantamento fotográfico realizado por dois desenhadores da Câmara Municipal de Lisboa, que se constituíram como empresa, Machado & Souza e levaram a cabo um registo sistemático dos prédios da capital, com especial enfoque para as ruas das freguesias da baixa de Lisboa, devendo este registo ser complementar ao índice de prédios já existente na autarquia.
No dia 20 de julho de 1898, José Cândido d’Assumpção e Souza (1856-1923) e Arthur Júlio Machado (1867-1947), desenhadores na recém criada Repartição de Obras da CML, submetem à Câmara Municipal de Lisboa um requerimento, onde propõem que sejam fotografados os prédios da cidade (…) produzindo, assim, um "levantamento, de carácter estatístico, que servisse, simultaneamente, de registo e complemento ao índice de prédios da capital existente nesta câmara”.
A proposta é aprovada em 22 de outubro de 1898, pelo arquiteto José Luís Monteiro, chefe da 1ª Repartição do Serviço de Obras, destacando no seu despacho, a necessidade e valor deste trabalho. Sublinha que devem ser fotografados todos os prédios, expropriados ou particulares, cuja demolição fosse eminente e que assim se aprovasse "nos termos das informações, não se excedendo as respetivas verbas orçamentais”.
O levantamento foi realizado entre 1898 e 1908.
A Firma Machado & Souza entregou à Câmara Municipal de Lisboa um conjunto com cerca de 4000 negativos em suporte de vidro e fotografias impressas em papel, coladas em folha de cartão, frente e verso, duas a duas, na sua maioria dos casos, havendo cartões que apresentam somente uma imagem.
Nestes cartões registaram informação relativa ao local, freguesia, data, nome do proprietário do imóvel, valor patrimonial e uma cota numérica atribuída pelos próprios que remete para as matrizes em negativo. Algumas provas apresentam bom estado de conservação, outras revelam sinais evidentes de deterioração, nomeadamente, desvanecimento de cor, amarelecimento, manchas e redução de contraste.
Os edifícios que faziam parte da antiga freguesia de Santa Cruz do Castelo mantêm hoje, em traços gerais, a mesma solidez e configuração desde a sua construção encontrando-se, tanto no interior das muralhas, como no espaço urbano vestígios de um património resiliente face aos cataclismos, catástrofes e alterações urbanísticas vivenciadas durante 127 anos.
O conjunto de imagens apresentado é exemplo da robustez do edificado e da perenidade de um tempo que se constitui memória na, e para a cidade de Lisboa.



















