Detalhe
Exposição Internacional de Lisboa 1998, 25 anos depois
A 21 de maio de 1998 era inaugurada a Exposição Internacional de Lisboa 1998!
Um momento registado na memória de muitos de nós e pelas mais diversas razões.
É também aqui que se revela a importância dos Arquivos, na salvaguarda e preservação do nosso património, da nossa memória, da nossa identidade.
Recordamos esta efeméride, com a transcrição de um texto produzido por Ana Saraiva e Fernando Carrilho, para a brochura comemorativa dos 20 anos: Expo'98 memórias em arquivo, editada pelo Arquivo Municipal de Lisboa em parceria com a Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa, através do Gabinete de Estudos e Sistemas em Tecnologias da Arquitetura e Urbanismo | Centro de Investigação em Arquitetura, Urbanismo e Design.
«Entre os dias 22 de maio e 30 de setembro de 1998 realizou-se, na capital portuguesa, a Exposição Internacional de Lisboa – Expo 98 que, como referido no decreto-lei 87/93 de 23 de março, foi uma oportunidade única para promover a reabilitação e o reordenamento do tecido urbano com preocupantes índices de degradação, principalmente ambiental, de uma área ribeirinha do Tejo inserida nos municípios de Lisboa e de Loures.
Para o efeito, foi criada pelo decreto-lei 88/93 de 23 de março, a Parque EXPO 98, S. A., sociedade anónima de capitais exclusivamente públicos, com o fim de projetar, construir, explorar e desmantelar a Exposição Internacional de Lisboa, assim como proceder à reordenação urbana da Zona de Intervenção da Expo 98. Este decreto-lei abreviou a denominação desta sociedade para Parque EXPO 98.
Todavia, este grande projeto ter-se-ia iniciado em agosto de 1989, quando a Comissão Executiva da Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses foi mandatada para apresentar ao Governo um memorando sobre a eventual realização de uma exposição internacional em Lisboa, em 1998.
Desde este momento até à extinção da sociedade Parque EXPO 98, foi produzida documentação diversificada da qual um vasto conjunto foi entregue à guarda do Arquivo Municipal de Lisboa, tendo sido constituído o Fundo Parque Expo 98 SA.
O primeiro conjunto de documentação ingressou no Arquivo Municipal de Lisboa em 2003 e é constituído por cerca de 200 000 imagens, revelando a importante preocupação dos responsáveis pelo projeto da EXPO 98 em conservar a memória visual do percurso desta complexa obra, tendo a posteridade herdado provas, não só da notável metamorfose ocorrida na Zona de Intervenção, como da capacidade de intervenção do Homem em tempo recorde.
Por conseguinte, existem naquele arquivo imagens que retratam as diversas atividades inerentes ao projeto da EXPO 98 entre 1993 e 2003, ou seja, desde a fase da desocupação das anteriores atividades existentes em toda aquela área até ao desmantelamento da Exposição Internacional de Lisboa. A recolha destas imagens e a sua organização deve-se ao Gabinete de Fotografia da Parque EXPO 98, constituído com esse fim, e encontra-se nos seguintes suportes – em negativos cromogéneo em acetato de celulose, em diapositivos cromogéneo em acetato de celulose, em diapositivos cromogéneo em poliéster, em negativos de gelatina e prata em acetato de celulose, etc. De entre a multiplicidade de temas, pelos quais este conjunto está organizado, encontram-se imagens das petrolíferas, das acessibilidades, das áreas internacionais norte e sul da Exposição, dos pavilhões temáticos, dos eventos, da arte e mobiliário urbano, dos espaços verdes, de imagens aéreas com a evolução dos trabalhos na Zona de Intervenção, entre outras.
Em 2013, na sequência da extinção da empresa Parque EXPO 98 – Gestão Urbana do Parque, S.A., também designada por GEURBANA, o Arquivo adquiriu múltiplos processos de diversos tipos de licenciamento referentes às especialidades técnicas das construções daquela área urbana, que originou o subfundo denominado com o mesmo nome, GEURBANA.
Em novembro de 2016, com o fim da Parque EXPO 98, entrou no Arquivo Municipal de Lisboa um interessante conjunto de documentação referente ao processo da Expo 98, nomeadamente a candidatura, a preparação e toda a operação. Inclui também documentos relativos à gestão do território para o projeto urbano da Zona de Intervenção e ao respetivo plano de urbanização.
Além destes documentos, o Arquivo recebeu um conjunto de materiais audiovisuais que retratam diversas atividades associadas à EXPO 98 e ao Programa Polis, uma vez que a sociedade Parque EXPO 98, S.A. adquiriu competências nos projetos de reabilitação de várias cidades do país.
No que concerne à Expo 98, existem em arquivo treze vídeos em formato VHS de curta duração. São spots publicitários, promocionais e pequenos institucionais que, embora não abordem diretamente o evento em si, despertam o interesse por incidirem nos anos que antecederam a Exposição Mundial. Produzidos entre 1993 e 1998, os vídeos adotam uma linguagem informativa e publicitária cumprindo a função de promover e projetar não só a exposição mas também a requalificação de parte significativa de Lisboa oriental, ou seja o futuro Parque das Nações. A sensibilização para os oceanos (tema central da exposição), a memória da zona de intervenção, os principais equipamentos culturais projetados e as futuras zonas habitacionais são o foco principal da estrutura comunicativa dos vídeos.
Extremamente relevantes são os registos videográficos produzidos antes da intervenção que testemunham a radical transformação urbanística que ocorreria no local.
As imagens recordam-nos de forma impressionante a poluição e o estado caótico e degradante dos terrenos onde nasceria a EXPO 98.
Posteriormente, noutro conjunto de vídeos, observam-se imagens dinâmicas da fase de obra, onde se adivinha de forma encantatória o nascimento dos exlíbris do Parque das Nações, como o Oceanário de Lisboa, os Pavilhões da Utopia e de Portugal ou a Estação Ferroviária do Oriente.
Por fim, recorrendo a animações em 3D, entra-se no domínio da cidade imaginada, vislumbrando o futuro através dos projetos de habitação da Expo Urbe. Este fundo permite documentar visual e cronologicamente a EXPO 98 e constitui um instrumento inevitável para o seu entendimento, sendo um testemunho valioso de um tempo marcante na história da cidade e a prova visível de que o futuro foi conquistado.»