Detalhe
Karin Monteiro doou parte do seu espólio fotográfico ao Arquivo Municipal de Lisboa
Em janeiro de 2024, a fotojornalista Karin Monteiro contratualizou com a Câmara Municipal de Lisboa a doação de uma parte significativa do seu trabalho fotográfico. A coleção, formada por um conjunto de 3462 negativos de 35 mm em acetato de celulose, a preto e branco, foi integrada no acervo do Arquivo Municipal de Lisboa (AML). As imagens retratadas mostram o levantamento que Karin Monteiro fez, na década de 1980, sobre a calçada portuguesa e reportagens sobre Moçambique, no período inicial da Independência (1974-1976). O AML comprometeu-se em preservar, inventariar, digitalizar e divulgar este relevante conjunto documental, sendo já possível consultar cerca de 1180 registos.
Karin de Villiers Monteiro nasceu na Cidade do Cabo, em África do Sul. É filha de um jovem médico, emigrado da Alemanha na década de 1930, e de uma sul-africana de ascendência francesa. Completou os estudos secundários na Cidade do Cabo e ingressou, seguidamente, na Escola de Ballet do Conservatório de Música da Universidade daquela cidade. Frequentou, paralelamente, cursos de História de Arte, Pintura, Desenho e Literatura Inglesa. Fez um bacharelato em Política Africana e Estudos de Desenvolvimento.
Casou com um português, já estabelecido em Moçambique, e teve dois filhos. Viveu em Lourenço Marques (atual Maputo) entre 1956 e 1976, onde fundou uma escola de Ballet, e frequentou por correspondência o curso de Belas Artes da Universidade de África do Sul. Foi no conturbado período de transição para a independência de Moçambique - entre 1974 e 1976 - que Karin Monteiro começou a fotografar, na tentativa de captar nas suas películas as condições sociais e humanas dos moçambicanos. Foi, durante largos anos, repórter fotográfico, tendo colaborado com vários jornais, revistas e projetos editoriais, tanto no continente africano, como no europeu.
Por volta de 1978 viajou para Portugal, onde fotografou e executou trabalhos para várias empresas e instituições, entre as quais o Teatro Nacional e a Bienal de Cerveira. Nos anos 1980, foi convidada a participar, com o fotógrafo Manuel Cabral e o ilustrador Abel dos Santos, na obra “Empedrados Artísticos de Lisboa (A Arte da Calçada-Mosaico)", editada em 1985, da autoria de Eduardo Martins Bairrada. Com esse propósito fez um levantamento fotográfico exaustivo das calçadas de Lisboa, ao nível do solo, ou a partir de pontos de vista elevados, com recurso a uma grua cedida pela Câmara Municipal de Lisboa, registando os padrões geométricos e os painéis de calçada desta arte singular portuguesa.
Em 2012 retirou-se da vida de fotojornalista. Vive atualmente entre Moçambique e Portugal e dedica-se, entre outras coisas, a organizar o seu acervo fotográfico, hoje revestido de interesse histórico.