Detalhe

A segunda edição da TRAÇA foi uma coorganização da Videoteca com o Festival Alkantara, e aconteceu nos dias 13, 14 e 15 de outubro de 2017, em vários locais do Bairro da Madragoa. 
Não só por estar enraizado no território da Madragoa, mas também pelos princípios que regem a sua programação, convidámos o Alkantara a programar a TRAÇA connosco. Assim, desafiámos então seis artistas (ou duplas) a explorar o nosso arquivo de filmes de família. Alex Cassal, Isabel Abreu, Jorge Silva Melo & Miguel Aguiar, Raquel André, Sofia Dias & Vítor Roriz e Sofia Dinger foram os criadores, vindos das artes performativas, que aceitaram o desafio que lançámos. 

No centro da 2ª edição da TRAÇA esteve o encontro entre performance e cinema, e o cinema amador e familiar em especial. Essa exploração foi feita através da apresentação das peças originais que seis artistas produziram para a TRAÇA, mas também através de projeções, comentadas ou não, que deram continuidade às experiências de exibição que temos feito em outros momentos. 
 
Exploramos ainda o denominador comum destes dois campos, a performance e cinema: o gesto. Fizemos perguntas sobre o cinema como gesto e sobre o gesto no cinema, base de uma pesquisa em curso que expusemos no seu estado inacabado durante esta mostra: uma Anatomia do Gesto. 

O programa da mostra incluiu ainda projeções de filmes de arquivos familiares comentadas pela investigadora e filósofa Maria Filomena Molder ou pelo poeta Daniel Jonas, que refletiram sobre os filmes de origem desconhecida, os filmes órfãos, os descartados. Foi também a partir do descartado que espalhámos excertos destas coleções de origem desconhecida pelo território do bairro da Madragoa: desarrumados, misturados, incompletos tal como chegaram até nós.

Conversas sobre território, performance, cinema e arquivos reuniu artistas das estruturas Alkantara, Cão Solteiro, Cossoul, Teatro Praga, Materiais Diversos, projeto Topias Urbanas e Vo'Arte, com os moradores do bairro da Madragoa e com quem filmou e produziu o nosso arquivo.

Em paralelo aconteceu a 'Tracinha': os alunos do 1º ciclo da Escola Básica nº72 de Lisboa participaram num laboratório de imagem e som que teve como objetivo cruzar o cinema, a memória e o território. Três turmas do 4º ano desenvolveram em conjunto dois filmes que são o resultado do contacto que os alunos tiveram com o arquivo da Videoteca. Acompanhados pela realizadora, artista e formadora Inês T. Alves, os alunos participaram no visionamento de uma seleção de imagens do arquivo e foram encorajados a refletir sobre elas: identificar elementos e imaginar outros. Num segundo momento, acompanhados também pelo Serviço Educativo do Arquivo Municipal de Lisboa, os alunos foram explorar as ruas da Madragoa onde aprenderam a filmar um plano, procurando criar uma relação com as imagens de arquivo já visionadas. 

Foi no agora extinto Lavadouro das Francesinhas que o jantar comunitário reuniu todos os que acompanharam e fizeram esta edição da Traça durante três dias num fim de semana de outubro.